Portugal era um dos 22 candidatos e foi ontem o quarto
mais votado numa eleição para o comité do património mundial da Unesco, que
decorreu em Paris. Ana
Paula Amendoeira, do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) e
membro da delegação nacional em Paris, confirmou ao i que Portugal teve 111
votos, atrás apenas da Turquia, das Filipinas e da Finlândia, com 121,116 e 115
votos, respectivamente. O mandato é de quatro anos, até 2017, marcando presença
já como membro efectivo na 19.s Assembleia dos Estados-Parte à Convenção do
Património Mundial, Cultural e Natural, sendo que a primeira reunião oficial em que Portugal estará
será apenas em 2014, a
ser realizada no Qatar. Como membro do comité, Portugal será responsável por
analisar todas as candidaturas que sejam apresentadas à Unesco. Este órgão tem
um total de 21 membros e ontem foram eleitos 12 deles. Foram ainda eleitos a
Croácia, o Cazaquistão, a Coreia do Sul, o Peru, o Líbano, a Polónia, o
Vietname e a Jamaica, que concorria apenas com Angola ao lugar dos países que
não têm património classificado.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinha que esta eleição
reflecte o "claro reconhecimento do nosso contributo construtivo em termos
de cooperação internacional em matéria de património, bem como da valia do
património histórico português e do empenho, experiência e competência do nosso
país na preservação e gestão de bens patrimoniais, edificados ou
naturais". O país volta, assim, a estar presente num órgão em que já tinha
participado no período entre 1999 e 2005. Na votação esteve ainda a Palestina como candidata, que não terá sido eleita
por poucos votos.
Portugal tem 15 bens já classificados na lista de património mundial da Unesco,
como o Mosteiro de Alcobaça, o Centro Histórico de Évora, a Paisagem Cultural
de Sintra, a Arte Rupestre do Vale do Côa ou o Vale do Douro, mas durante os
quatro anos em que ocupa um lugar no comité nesta organização das Nações Unidas
não deverá apresentar nenhuma candidatura à organização. Esta não é uma regra
oficial da Unesco, mas tem sido uma prática instituída dentro da organização.
No entanto, a candidatura da Serra da Arrábida, que já está em curso, deverá
seguir os procedimentos normais, referiu a responsável do ICOMOS. O comité da
Unesco tem ainda a responsabilidade de decidir os bens a inscrever na lista do
património mundial e analisar os relatórios sobre o estado de conservação dos
bens que já se encontram inscritos nesta listagem.
A presença de Portugal na Unesco será assegurada por uma equipa de quatro
especialistas, caso da professora Maria Conceição Lopes Caria,
professora Teresa Andreza, professora Anabela Calado e professora Clara
Bertrand Cabral, além do embaixador José Filipe Moraes Cabral, que é o
representante permanente da missão de Portugal junto da Unesco em Paris.
O Mosteiro de Alcobaça já está classificado e só a candidatura da Arrábida está
em curso.